terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Dinheiro mal gasto: fenômeno global

Como já argumentamos com os exemplos de Barcelona e Arsenal, muito dinheiro num clube sem a implantação de uma filosofia de trabalho não funciona nem um pouco.
Dentre os exemplos mais recentes, temos na Europa os casos do russo Anzhi, do francês PSG e o inglês Manchester City, caso de excelência.
Os trilhonários russos e árabes, muito influentes nos campeonatos ingleses com os patrocinadores das companhias de voo, tem migrado agora para o futebol local da ex-união soviética. Roberto Carlos e Jucilei deixaram no início desse ano o Corinthians após o despejo de uma dinherama. Logo depois veio Samuel Eto'o, esse sim um nome de impacto numa liga ainda menos competitiva e organizada que a brasileira.
O rostinho bonito de Leonardo ainda não disse a que veio nem na prancheta tampouco na cartolagem. Muitos reforços e pouco resultado dentro de campo: eliminação precoce do clube parisiense na Liga Europa!
O City noticiou neste ano o maior déficit de um clube de futebol europeu, numa cifra que ultrapassa os 200 milhões de reais e também decepcionou na Champions League, amargando uma terceira posição. A Liga Inglesa virou obrigação? Sim se o intuito for simplesmente dinheiro. Com certeza, esse seja o intuito, o que só mostra a falta de implantação de uma filosofia de jogo. O City contratou muitíssimos jogadores sem uma coerência de critérios, investindo pesado do meio para a frente quase que exclusivamente. Robinho foi um caso modelar da gestão milionária dos sheiks. Em seguida, no presente ano, contrataram Aguero e Dzeko.. corroborando a imagem de fanfarrões cheios da grana por parte dos cartolas orientais:

http://www.youtube.com/watch?v=bJ9r8LMU9bQ&ob=av2n  

Paulo Calçade informou a respeito de um possível fair play econômico a ser avaliado nos clubes. Será que rola mesmo? Há dinheiro limpo no futebol? É possível montar equipes somente com grana? Só se for com esse dinheiro descarado e que não parece trazer muito sucesso... aliás, o Chelsea de Abramovic está aí tentando uma Champions desde não sei quando...

Esse panorama europeu só mostra o que todos já sabem: o futebol não é sujo e mal organizado apenas no Brasil, mas há exemplos muito positivos a serem seguidos na europa. O dinheiro mal gasto pelos clubes supracitados é proporcional às pataquadas de alguns clubes brasileiros como o Flamengo, que desembolsa muito dinheiro pra ter jogadores em péssimo momento. Deivid é, infelizmente, só um deles.
Provavelmente, os grandes brasileiros que se importarem em fazer um pé de meia com a grana oriunda dos novos acordos televisivos poderá se dar bem no futuro muito nebuloso do pós-copa, afinal se a economia brasileira conheceu o estatuto de sexta economia mundial nesta semana e os estadunideneses já sinalizam melhoras lentas, a Europa pode freiar e muito um crescimento econômico para os próximos anos. Se bem que é muito mais provável uma reestabilização europeia do que ao menos um clube brasileiro que faça o utópico pé de meia...

sábado, 24 de dezembro de 2011

O futebol ritualístico: uma filosofia de jogo

A espera que a equipe catalã apresenta ao longo de todos os minutos de um jogo evidencia que o futebol bem jogado é aquele que é também pensado.

http://www.youtube.com/watch?v=RiPiWW0jV-4

Tocando a bola desde a reposição do tiro de meta, o barça mostra que a tônica de sua filosofia é jogar simples, não errando nos fundamentos, em detrimento de malabarismos táticos ou de uma base que forma apenas muralhas no meio e cones na frente.

O toque de bola sempre com a equipe muito compacta, com ao menos três jogadores muito próximos faz com que as triangulações, hoje tão raras numa partida do campeonato brasileiro, sejam rotina numa partida do melhor time do mundo.

A filosofia do Barcelona é, em poucas palavras, jogar bola, ao invés de se preocupar demais com o adversário e, consequentemente, se retrancar. Mesmo a equipe de Dorival Júnior de 2010, o Santos que não mais existe, era bem mais defensivo. Para marcar sob pressão durante os noventa minutos, é preciso preparo físico e muito treino.

No dia em que observarmos um lateral brasileiro de origem(tendo em vista os inúmeros alas-severinos, reis do improviso) cruzando bolas com aproveitamento maior que cinquenta por cento e zagueiros saindo tocando a bola sem se estabanar (como no caso de muitos que apenas fazem isso no desespero de sua equipe em situação de desvantagem no placar) aí sim o futebol brasileiro estará em outro caminho. Isso está muito longe de acontecer. A geração de Mano Menezes é, infelizmente, muito jovem. E tem o Jorginho por aí agora também...

http://www.youtube.com/watch?v=W9HZsf6DWGM

É isso aí. E pra quem acha que é só o barça que joga assim, o Arsenal da Inglaterra, infelizmente não conta com os mesmos investimentos, porém apresenta filosofia de jogo muito parecida. Semelhantemente, é uma equipe que trabalha muito com os fundamentos dos jogadores. Basta ver que todos os meias tocam muito bem a bola como, por exemplo, Song. Se ão forma todos os seus jogadores, aposta em muitos jovens e baratos jogadores. Muitos podem não dar certo, como no caso do esdrúxulo Breidtner, mas o que falta no Brasil é exatamente isso: uma filosofia bem definida nas equipes.
Pra ter filosofia é preciso muito mais do que bilhões. É preciso muito tempo e uma ideologia que esteja em conjunção com a identidade do clube em questão. Os clubes precisam olhar para seu passado, principalmente os brasileiros e ver que equipes como o São Paulo de Telê Santana e o Flamengo liderado em campo por Zico já possuíam a tal filosofia de jogo. Não com o mesmo marketing dos catalães, mas convenhamos que outro contexto; outra conjuntura.
Ter filosofia de jogo não é nem vender jovens jogadores ao exterior tampouco investir muita grana em repatriações. Ter filosofia é sim manter um técnico por um bom tempo, desde que ele entre em consonância com os planos a longo prazo da diretoria, corpo que precisa ser exemplo de organização. Agora, Muricy, jorginho, Mano, são técnicos de filosofia ou de resultado? Tire suas próprias conclusões...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Tapa na cara da geração retranca

http://www.youtube.com/watch?v=U46jeI4Bw6U

3-5-2 não é a salvação. Um dos esquemas menos compactos, que menosprezam a criatividade em potencial do setor de meio-campo, levou um tapa na cara do Barcelona num dos últimos jogos importantes deste ano para o futebol brasileiro. Muricy compõe a longa lista de técnicos que montam equipes "rápidas, que jogam muito no contra-ataque". Mano Menezes, Cuca, Caio Jr. e o próprio Dorival Júnior são todos farinha do mesmo saco. De fato, uma equipe com uma defesa sólida até pode vencer muitos jogos por 1 a 0, tal qual foram os feitos do São Paulo nos títulos brasileiros de 2006, 2007 e 2008 e do Santos na Libertadores 2011. Porém, eram todos campeonatos nivelados por baixo.
O grande problema de tal esquema é o espírito covarde que implica aos jogadores, ilustrado de modo exemplar na partida dos santistas contra a grande equipe catalã. Covardia mesclada sempre com um pouco de burrice, pois enfiar três zagueiros e três volantes na grande área é dar total liberdade para a criação do melhor meio-campo do mundo.
Tomara que Muricy Ramalho perca de vez sua moral de melhor técnico do país, posição a qual nunca foi unânime entre o povo. Tapa na cara semelhante levou a LDU, ao ser massacrada pela Universidad Do Chile.
http://www.youtube.com/watch?v=4xAG805wJfU
Longe de ser uma equipe que dá espetáculo, os chilenos apresentam um futebol de muita compactude, diferentemente do festival de chutões que faz a equipe equatoriana, muito dependente das penetrações dos alas.
Vamos combinar que o espetáculo do futebol é com a bola no chão, tocada de pé em pé, driblada, tudo menos chutão. Que o público clame por menos chutão no ano que vem.
 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A morte da consciência

Enquanto a mídia ordinária já incita a pressão pelo título da libertadores do ano que vem, a história do Corinthians teve a morte de um ícone já esquecido pelos teorcedores mais jovens. Muitos corintianos não sabem sobre a democracia corintiana e outros milhares já ouviram falar, mas não dão a mínima. O movimento em prol da consciência no futebol morreu com Sócrates em situação na qual o Corintihians vence um título de maneira muito justa, porém sem nenhum brilho. Não há nenhum craque na equipe, há grande possibilidade de alguns saírem (Paulinho é o mais cotado) e não há experiência em competições internacionais. O Santos está no Japão e deve manter a mesma base para o ano de seu centenário e o Vasco pôde entrosar ainda mais seu elenco nesse segundo semestre, além de poder aprender com os erros na copa sul-americana.
Tendo isso em vista, até que ponto vale a pena se sentir orgulohso de ser maloqueiro e sofredor? Ser corintiano neste momento é ser massa de manobra, apagando letalmente o legado do Dr. Sócrates. O Corinthians passa por uma boa gestão administrativa, mas a política mais recente se aproxima da de uma equipe sem grandes jogadores e com muita disciplina tática, diferente do meio campo passador vascaíno e do talento dos meninos da vila. Sabe-se que tal disciplina costuma dar bons frutos numa disputa continental nivelada por baixo, como a Libertadores, mas isso vai de encontro com uma característica da torcida corintiana: fazer o time jogar com o coração. Enquanto houver uma pressão da torcida para que a euipe jogue com o coração e da mídia, forçando uma obrigação em conquistar um título obtido por todos os rivais, fica difícil.

domingo, 27 de novembro de 2011

O cúmulo do óbvio traz esperanças

o campeonato brasileiro desse ano foi nivelado por cima, calando todos os provincianos que creem ser melhor um jogador se transferir para o Metalist ou para o Kashima Antlers. Como o futebol chegou nesse nível? Por causa do dinheiro, óbvio.
Se é pra ser assim, que seja... 
O futebol é um traço da cultura brasileira sim e merece investimento. Sendo possível o investimento, a liga brasileira, ainda embrionária, tende a se fortalecer cada vez mais.
Possíveis roubalheiras e manipulações à parte, o campeonato só não foi melhor devido à ingerência da CBF, cuja preocupação nunca foi o desenvolvimento interno. 
Esse será um processo com o qual o torcedor do grande clube deverá compreender com sensatez, para que não encha tanto o saco dos jogadores do clube. Aliás, todo conjunto de crenças tende a ser nocauteado, pois há clubes competitivos que não irão ganhar títulos justamente pelo fato de haver uma concorrência cada vez maior. Ora, Internacional e São Paulo, que conquistaram títulos importantes recentemente, não vencem muito pelos seus rivais, com elencos tão competitivos quanto. Os dez primeiros clubes da tabela derradeira são clubes que dariam trabalho à maioria dos clubes internacionais. É óbvio que o Barcelona é um projeto de décadas e se torna exceção dentro da própria Europa.
Portanto, àquela mídia de bastidores mentirosos, metida a derrubar um técnico por semana: vá pro inferno! 

sábado, 26 de novembro de 2011

O super simples sai caro. E daí?

Às vésperas do Mundial, ainda tem gente achando que o Barcelona empataria com o São Caetano caso tivesse que encarar um gramado como o do Anacleto Campanela. Pra quê tanta teimosia?
O time catalão criou uma escola, na qual a meta é, por incrível que pareça, jogar simples.
É simples sim: não errar passes e, para isso, contar com um belo preparo físico e com muito mais seriedade do que criatividade. Para tanto, são necessários bilhões....
Ok, e daí? Por quê no brasil é legal fazer parte de uma equipe sofredora?
Dane-se a raça! Que venha ao reino do futebol ainda mais grana, para que surjam outros barças.
Chega de ufanismo setentista travestido pelo futebol da luta. Mesmo as seleções de 2002 e 1994 possuíam seus craques e que craques (Romário, Ronaldo, Rivaldo, etc).
Chega dessa babaquice de vencer na raça. Isso é coisa de série B... futebol brasileiro é série A. Pelo menos não devia ser...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

o de cima passa; o de baixo fica

Semelhantemente à analise  desigual do crescimento das cidades, realizada pela banda Chico Science & Nação Zumbi, é a Copa do Brasil. Entra ano e sai ano e as condição materiais são estáveis, cada vez mais consolidadas. As partidas realizadas ontem revelam algo que já não precisa ser revelado. Alguém apostaria no Treze da Paraíba? Por quê não? Ora, a concentração dos investimentos em clubes de futebol se localiza no centro-sul brasileiro. O banco BMG, por exemplo, patrocina São Paulo, Cruzeiro e Atlético Mineiro, a Unimed banca o Fluminense e por aí vai. Disso decorre uma atenuação da atual situação de outro problema do futebol nacional: o calendário. Iniciando os treinamentos em meados de janeiro, as equipes da elite nacional ainda se encontram em pré-temporada, com jogadores sem o devido preparo físico ou ainda à procura de reforços, como o caso do Palmeiras, atualmente na busca de um centro-avante. Taticamente, isso se reflete numa notória falta de compactação das equipes. O Sâo Paulo, por exemplo, apresentava um lado direito totalmente distante, pois Jean não conseguia acertar uma tabela sequer com os meias tricolores. Sem falar no trio de zaga que, à medida em que se dão as atuações são-paulinas, observa-se cada vez mais lambanças, uma falta de entrosamento sem muita explicação, dado que o corpo bruto desta zaga está no clube há pelo menos três anos. Se ninguém sabe quem vai pra bola na marcação dos defensores, no meio campo não é diferente. Carlinhos Paraíba não marca e não acerta passes, muito menos lançamentos e Rodrigo Souto parece estar dopado em todas as partidas. Mas não dopado de cocaína, como já lhe ocorreu e sim de maconha ou algo do tipo, pois o cidadão é demasiado desligado. O São paulo não possuía jogadas coletivas que davam certo, até o retorno da promessa Lucas. Em seu primeiro jogo após o pré-olímpico, ele foi o único jogador que chamou a responsabilidade e armou as jogadas. Sorte do técnico Carpegiani, que deve aumentar suas chances de obter melhores resultados daqui em diante, tendo em vista que Rivaldo permanece machucado (nossa... é mesmo?), Juan e Jean são limitadíssimos e Ilisnho também vive se lesionando. O jogo do São paulo ficou manjado a partir do momento em que todos os técnicos sucessores da equipe campeã de Autuori e Muricy passaram a concentrar as jogadas do time exclusivamente pelas alas. Jean sequer é ala, assim como é incompetente no meio campo. Juan é o típico jogador gasparzinho, vive sumido quando o assunto é clássico ou jogo decisivo, é só puxar a ficha do jogador e ver suas duas passagens pelo futebol carioca. Lucas se movimentou muito, se aproximando dos atacantes e, de vez em quando, dos alas tricolores, com tabelas inteligentes que acarretavam numa facilidade de penetração pela defesa adversária. Enquanto está tudo bom pro lado do Lucas, com renovação de contrato que lhe dá o mérito de passar a ser o jogador com a multa rescisória mais cara do futebol brasileiro hoje, também há problemas. A belíssima atuação do meia-atacante foi contra uma equipe paraibana, não inclusa na elite nacional, que disputa a série D do brasileiro. Enquanto Lucas só sai se pagarem mais de 100 milhoes de reais e pertence ao clube brasilero com uma das 10 maiores folhas de pagamento do país, o Treze costuma passar por tentativas de enxugamento da folha, que certamente não chega a um milhão. O clube paraibano sequer chegou a tewstar Rogério Ceni no primeiro tempo. Méritos do São Paulo? Não. Mérito das condições materiais, pois o São Paulo continua sendo uma equipe pouco compacta, embora seja interessante a escalação que Carpegiani faz no setor ofensivo, somente com jogadores de movimentação. Portanto, mesmo com um futebol pouco perigoso, extremamente dependente dos lampejos de um único jogador,o São venceu o Treze por 3 a 0 e passa pra a próxima fase. Lucas ainda é uma promessa que já sehipervalorizou devido ao empresário que o agencia. Wagner Ribeiro e cia deveriam pensar projetos que possibilitassem a expansão da competitividade do futebol nacional, ao invés de trabalharem pela lógica da concentração no centro-sul. Ora, o país inteiro possui estádios com potencial para serem lotados se bem trabalhada a política dos ingressos, porque o futebol é um fato cultural muito protagonista aqui.Porém, esta política empresarial deve ser tão lucrativa que causa tamanho conforto dos que detém asparecelas das pizzas. Um conforto nas maõs de poucas pessoas e, portabela, de poucos clubes brasileiros.